Mercado já prevê queda de 1,7% no PIB, pior resultado desde 1990. Estimativa para o IPCA alcançou 9,15%, de acordo com o boletim Focus.

 

As estimativas dos economistas das instituições financeiras sofreram uma nova piora, segundo pesquisa do Banco Central. A estimativa para a inflação teve a 14ª semana seguida de alta: passou de 9,12% para 9,15%.

Já a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB), depois de uma semana de “trégua”, voltou a recuar. Os analistas agora estimam que a economia sofra uma contração de 1,7% neste ano, ante 1,5% na semana anterior.

Os dados são do boletim Focus, que reúne estimativas de mais de cem instituições financeiras, divulgado nesta segunda-feira (20) pelo Banco Central.

Para o final de 2016, a pesquisa apontou ligeiro ajuste para baixo na alta do IPCA (o índice oficial de inflação), a 5,4%, contra 5,44% antes.

Se confirmada a estimativa para o IPCA, a inflação de 2015 atingirá o maior patamar desde 2003, quando ficou em 9,3%. A expectativa do governo para a inflação deste ano, divulgada no decreto de programação financeira em maio, está em 8,26%.

Segundo economistas, a alta do dólar e dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.

Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acontece desde 2003.

Se confirmado o resultado de queda de 1,7% no PIB, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%. Para 2016, a estimativa para o PIB também ficou menor: caiu de 0,5% para 0,33%.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

No fim de maio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira registrou queda de 0,2% no primeiro trimestre de 2015, puxada pelo desempenho negativo do setor de serviços e da indústria, bem como pelo recuo do consumo das famílias e dos investimentos.

Na semana passada, o IBC-Br, calculado pelo Banco Central e considerado uma “prévia” do PIB, mostrou que a economia ficou praticamente estagnada em maio, depois de uma queda de 0,88% no mês anterior, sugerindo que a economia pode ter entrado em recessão técnica – quando o PIB acumula dois trimestres seguidos de resultado negativo.

Taxa de juros

A estimativa para os juros no fim deste ano ficou estável pela terceira semana, em 14,5%. Isso quer dizer que os analistas estão prevendo uma nova alta da taxa Selic no decorrer de 2015, que hoje está em 13,75%. Para o fim de 2016, a estimativa recuou de 12,25% para 12% ao ano.

A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.

Câmbio, balança e investimentos

Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 ficou estável em R$ 3,23 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio permaneceu em R$ 3,40.

A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 subiu de US$ 5,5 bilhões para US$ 6,4 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de superávit avançou de US$ 13 bilhões para US$ 14 bilhões.

Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil passou de US$ 66 bilhões para US$ 66,25 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte permaneceu em US$ 65 bilhões pela oitava semana.

Fonte: G1