Se a situação do Planalto já era duríssima no Congresso, a operação Politeia tornou ainda mais frágeis as condições de governabilidade de Dilma Rousseff.

Aliados de PTB, PP e PSB, que ainda garantiam votos em projetos prioritários à equipe econômica, foram atingidos pelas buscas e estão nervosos. O PMDB, até aqui livre das diligências, já sabe que será o próximo da lista e promete dar o troco. A confusão é tanta que um policial apelidou a ação de “Politeia desvairada”.

Paternidade A tradicional disputa entre a Polícia Federal e o Ministério Público contaminou até a escolha do nome da operação. O procurador-geral, Rodrigo Janot, queria “Adsumus” (aqui estamos). Prevaleceu a ideia dos federais, uma alusão à cidade de Platão onde a ética se sobrepõe à corrupção.

Madrugou

Janot, a propósito, apareceu de surpresa, às 4h da manhã, na reunião de trabalho que organizava detalhes dos mandados de busca. Quem estava presente entendeu o gesto como uma tentativa de marcar posição na liderança do caso.

Autoajuda

O procurador ensaiou uma fala motivadora no briefing da madrugada. Citou até Mahatma Gandhi.

Dois Poderes

Alvo da Lava Jato, Renan Calheiros (PMDB-AL) vai procurar Ricardo Lewandowski para levar ao presidente do Supremo a “indignação” de parlamentares com os rumos da investigação. A principal queixa é não ter acesso à apuração nem saber do que, exatamente, são suspeitos.

Reservado

O ex-presidente Lula e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se encontraram nesta terça-feira em Brasília. A conversa foi boa, segundo relatos. O diálogo surtiu efeito. Horas depois, durante almoço com Dilma, Lula reclamou da falta de unidade do governo sobre o debate econômico.

Hora errada

No almoço, coube ao presidente do PT, Rui Falcão, defender a redução da meta do superávit. Ouviu de Dilma que não era hora para “criar” essa pauta.

TIROTEIO

A Lava Jato teve seu momento déjà-vu, com a atualização da Elba para o Porsche. Eis a verdadeira ascensão social dos anos Lula.

DO DEPUTADO MARCUS PESTANA (PSDB-MG), sobre os carros de Fernando Collor (PTB-AL) apreendidos ontem e o veículo que lhe custou o cargo em 1992.

CONTRAPONTO

Bom entendedor

Em reunião com senadores nesta terça-feira, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) pedia apoio para votar projetos que ampliam a arrecadação da União, como a medida que repatria recursos depositados no exterior.

Enquanto dizia que as propostas ajudariam a destravar investimentos, foi logo interrompido pelo líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB).

-Ministro, vocês fizeram uma festa, comeram e beberam à vontade, alguns até vomitaram e, agora, o senhor está nos convidando para limpar o salão!

Levy não esboçou reação. Mas saiu do encontro certo de que os textos não seriam votados no prazo desejado.

Fonte: Folha de S.Paulo