A proposta do governo de criar a chamada jornada intermitente ou móvel de trabalho, em que não há horário fixo, é alvo de críticas no meio sindical.

Ricardo Patah, presidente da (União Geral dos Trabalhadores), disse que participará nesta quinta-feira (22), às 11h, de uma reunião com o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, e o presidente Michel Temer para discutir a flexibilização da jornada de trabalho.

“Não tenho opinião formada sobre o assunto, ainda precisamos analisar, mas a jornada intermitente é difícil de aceitar, porque criaria uma situação análoga à escravidão.”

O sindicalista argumenta que, com a jornada móvel, o empregado ficaria mais tempo à disposição da empresa, mas sem receber por isso. “Mas alguma medida tem que ser tomada para combater o desemprego.”

Na jornada intermitente, ou móvel, empregador poderá escalar o funcionário em determinado horário de trabalho e em dias diferentes da semana. Dessa forma, o funcionário poderá ter mais de um emprego, em expediente flexível, recebendo os direitos trabalhistas de forma proporcional.

Segundo Patah, o ministro do Trabalho negou a intenção de implementar a jornada intermitente. “Conversei com o ministro sobre o assunto e ele disse que existe a intenção de criar alternativas para combater o desemprego, mas sem precarizar o trabalho”, afirmou.

Outra medida que deve ser adotada pelo governo é a ampliação do contrato de trabalho temporário de 90 para 180 dias.

João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, disse que o ministro também entrou em contato com a central para falar que discorda da jornada intermitente.

“Creio que a ideia partiu da área econômica e não do conjunto do governo”, afirmou Juruna. O sindicalista disse ainda que não está sabendo da reunião de quinta-feira com Temer.

Segundo Juruna, flexibilizar a jornada de trabalho não resolverá o problema. “O que precisamos é de investimento em infraestrutura para geração de emprego, e não soluções paliativas.”

Sergio Nobre, secretário-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores) afirmou que não tem conhecimento da proposta de flexibilização da jornada de trabalho. “Mas, vindo do Temer, coisa boa não deve ser”, disse.

EMPRESAS

Vander Morales, presidente da Fenaserhtt (Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado), elogiou a iniciativa do governo.

“A proposta deve motivar os empresários a contratarem. Muitos ficam com medo de contratar porque não sabem se a economia vai voltar a crescer”, disse Morales. “A flexibilização da jornada vai permitir que as pessoas fiquem mais tempo empregadas e movimentará a economia.”