Sim. Hoje tem mais mulheres tendo jornada dupla do que homens. Quem sabe daqui uma ou duas décadas seja possível equiparar.

O INSS está preparado para implementar as mudanças na Previdência?
O INSS tem condições de dar conta de novos desafios. Qualquer que seja a proposta aprovada, será executada. A reforma pode ter efeito colateral de ajudar o INSS a detectar impropriedades, ao deixar mais claros critérios de concessão de benefícios. Um exemplo claro é a MP 739 [determina revisão dos benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez]. Se a lei me diz que tenho que fazer a revisão a cada dois anos, e o INSS não vem fazendo, posso dizer que alguém fraudou? Não posso qualificar dessa forma.

Qual será o esforço extra que o INSS terá de fazer para realizar esse mutirão de revisão?
O mecanismo do mutirão será usado de forma residual. A nossa expectativa é dar vazão à revisão desses benefícios dentro do horário normal de expediente. Das 1.600 agências, cerca de 500 não têm médico perito radicado. Ou faço deslocamento do perito ou adoto regime de mutirão. A ideia é fazer o deslocamento e começar a operação em setembro.

A expectativa é de uma economia de R$ 6,3 bilhões?
O tamanho da economia depende do índice de reversão. O primeiro público a ser enfrentado, até o fim do ano, são 530 mil auxílios-doença concedidos judicialmente. O benefício médio é de R$ 1.193. Mais de 80% da economia da revisão virá dos benefícios de auxílio-doença concedidos pela Justiça. Muitos foram concedidos por juízes que, insatisfeitos com a lentidão de atendimento no INSS, determinavam a concessão do benefício. Existe caso em que não houve avaliação médica.

Servidores mostraram insatisfação com o mutirão, que prevê estímulos aos médicos, mas não aos demais funcionários.

Reconhecemos a importância desses funcionários e a necessidade de melhorar condições de trabalho, de contratar funcionários. Mas apostamos muito no comprometimento desse corpo funcional.

RAIO-X – Leonardo Gadelha

Cargo – Presidente do INSS
Idade – 41 anos
Trajetória – Foi candidato a vice-presidente na chapa do Pastor Everaldo (PSC) à Presidência da República em 2014. Em 2011, assumiu, como suplente, mandato de deputado federal da Paraíba, também pelo PSC

Reforma da Previdência

Principais mudanças que o governo deve propor ao Congresso:

>> Criar idade mínima para aposentadoria
>> Idade mínima deve ser diferente para homens (65) e mulheres (62)
>> Haverá regras de transição para quem tiver a partir de 50 anos
>> Ideia da reforma é aproximar regras do regime geral e dos servidores, mas militares ficarão de fora
>> Criar limite para o acúmulo de pensão por morte com a aposentadoria
>> Crias regras mais duras para a concessão de aposentadoria por invalidez
>> Se aprovadas, mudanças valerão para quem não completou os requisitos para a aposentadoria