Taxa de inadimplência teve uma sensível queda, mas não foi suficiente para segurar avanço nos juros do crédito em meio à piora do desemprego e recessão.


Taxa de inadimplência de pessoas físicas em 2016, segundo o BC (Foto: Arte/G1)

Mesmo com uma sensível queda da taxa de inadimplência entre as pessoas físicas no ano passado, os juros médios cobrados pelos bancos e financeiras não pararam de subir em 2016. A inadimplência elevada no Brasil era apontada como uma das causas para o encarecimento do crédito no Brasil. Para economistas, a redução do percentual de dívidas em atraso não mudou a percepção de alto risco agravada pelo desemprego e pela crise econômica.

O nível de inadimplência entre pessoas físicas com recursos livres (que excluem crédito imobiliário, rural e o BNDES) recuou 0,3 ponto percentual (p.p.) no fechamento de 2016, para 6,05% – enquanto o atraso nas dívidas das empresas continuou em alta.

Nesse período, as taxas de juros médias cobradas das pessoas físicas em 2016, também com recursos livres (sem subsídios ou taxas reguladas) saltaram 7,78 pontos percentuais, para 71,46%, segundo dados do Banco Central. A trajetória de alta se manteve até novembro, após o primeiro corte da taxa básica de juros (Selic) em quatro anos.

Juros do crédito para pessoas físicas em 2016 (Foto: Arte/G1)Juros do crédito para pessoas físicas em 2016 (Foto: Arte/G1)

Juros do crédito para pessoas físicas em 2016 (Foto: Arte/G1)

O nível de calotes e a taxa básica de juros, a Selic (importante balizador do custo do crédito), servem como termômetros para os bancos decidirem quanto vão cobrar de juros nos financiamentos e empréstimos. Quanto menor o risco de crédito (inadimplência), maior a tendência de queda dos juros no mercado.

Renegociação de dívidas pesou

Para o economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), Nicola Tingas, a leve queda da inadimplência de pessoas físicas em 2016 tem relação com um esforço maior para renegociar as dívidas.

“Foi um ano de muitos mutirões de renegociação para limpar o nome. Desde o final de 2015 observamos um movimento maior da parte de cobrança para refinanciar dívidas dos consumidores, inclusive por parte dos bancos”, afirma o economista.