Troad editoraLamentável constatar que a presidente Dilma Rousseff em seu primeiro ato de segundo mandato, que por sinal foi conquistado com o apoio dos trabalhadores e suas lideranças, mais uma vez venha penalizar aqueles que se comprometeu a defender. Ao anunciar as Medidas Provisórias 664 e 665, a presidente Dilma retira os direitos dos trabalhadores. Ainda se não bastasse esta medida, a entrega do ministério da Fazenda aos banqueiros que, por meio do seu representante, dá continuidade a política de juros que paralisa o mercado e amplia a especulação financeira, favorecendo assim os banqueiros, aumentando a dívida do governo e exigindo que parcela maior da receita seja utilizada para pagar juros da dívida.
Ao longo dos últimos anos, nós do movimento sindical temos criticado de forma ferrenha a política de juros adotada pelo governo, que de forma arbitrária tem aumentado a taxa Selic e impactado negativamente ainda mais a produção industrial do nosso país.

Com mais esta medida descabida, o governo vem prestando um desserviço a nossa economia que com este ciclo de aperto monetário tem causado preocupação aos setores produtivos da indústria e a nós do movimento sindical, que qualificamos a medida do Banco Central como inadmissível diante de um processo de difícil acesso ao crédito.
É com tristeza que assistimos a total inércia da economia, com o Banco Central insistindo em medidas catastróficas e uma política descabida de aumento da taxa Selic. Medida esta, que só beneficia o sistema financeiro e especuladores. Na contrapartida, boa parte dos investidores do país vive uma crise sem precedentes nos setores hídrico, elétrico e de infraestrutura, o que já tem afetado algumas áreas.
Ao atender aos interesses dos bancos e sistema financeiro, o COPOM promove os impactos na produção, consumo e emprego: redução do crédito para produção e consumo, provocando o desestímulo à economia real.
Estamos com a massa produtiva descendo de ladeira abaixo enquanto os especuladores comemoram a inércia do governo diante do desmonte de nossa economia. Neste fogo cruzado da economia, os trabalhadores aguardavam uma medida do governo que os beneficiem e faça um bem maior para o país.
E quando menos se espera e em uma ação desastrosa e sob sua responsabilidade, o governo, diferente do acordado à época da eleição, fez a ‘vaca tossir’ e se mostrou descompromissado com a classe trabalhadora. Atitude esta, que nos surpreende e esperamos que seja revista, afinal, não podemos admitir que os direitos dos trabalhadores sejam retirados de uma hora para outra, e com o prejuízo à classe trabalhadora.
Neste sentido, as centrais sindicais têm promovido uma série de manifestações, debates e ações que reivindicam entre outras pautas a revogação das medidas provisórias. Não aceitamos a redução de direitos já conquistados pela classe trabalhadora e temos somado esforços junto ao Senado e Câmara dos deputados para discutir os pontos das MPs que impactam negativamente sobre os benefícios.
Com um cenário desmotivador como este, para este ano pairam ainda os riscos de racionamento de energia elétrica e de água, com potencial de pressionar ainda mais a atividade.
Reiteramos aqui, o compromisso do movimento sindical com a classe trabalhadora e toda a sociedade. Mesmo cientes que o projeto político dos partidos de esquerda é o melhor para o desenvolvimento do nosso país e sabermos que os ministros nomeados para a segunda gestão Dilma é fruto de uma composição política, portanto, sem nenhuma participação na campanha rumo ao segundo turno, apoiamos o governo Dilma, mas não a eximimos da responsabilidade em qualquer medida que seu governo venha a tomar. Ela, como chefe maior de nosso país, é responsável por ações de seus ministérios e nós, do movimento sindical, iremos lutar para que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados.