Ministro sairá de licença não remunerada do cargo para tratar de assuntos particulares, na próxima semana

 

Alvo de diversas denúncias feitas pelo The Intercept, o ministro da Justiça, Sergio Moro, pediu licença não remunerada do cargo ‘para tratar de assuntos particulares’. O afastamento, entre os dias 15 a 19 de julho, foi concedido pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Para deputados da oposição, Moro está se escondendo, após as denúncias de ilegalidades cometidas enquanto juiz da Operação Lava Jato. A bancada do PT, por exemplo, questionou o que está por trás do afastamento. “É esquisito. A casa está caindo para ele. Se avolumam as denúncias e suspeitas de que ele agiu de maneira ilegal e pede para tirar uns dias. O que está por trás disso?”, questionou o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).

Por ter assumido o cargo em janeiro, Moro não tem direito a férias e utilizou o recurso da licença. Durante a ausência de Moro, o secretário-executivo Luiz Pontel responderá interinamente pelo ministério.

No último domingo, o The Intercept Brasil e o jornal Folha de S.Paulo divulgaram hoje novos diálogos de Sergio Moro com procuradores da Lava Jato, que indicam uma articulação do ex-juiz federal para vazar dados da delação da Odebrecht sobre a Venezuela, que estava sob sigilo.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), ironizou em sua conta no Twitter: “Moro vai tirar férias? Como assim, não tem nem um ano de serviço. Ou vai se afastar para ser investigado, o que seria correto?”, questiona. Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) destaca que Moro tira férias em meio ao bombardeio da Vaza Jato. “O ministro tem seis meses de trabalho à frente da pasta e já quer férias? Num era o Bolsonaro que dizia que trabalhadores tinham que escolher entre emprego ou direitos?”, provocou.

Recentemente, em entrevista ao Sul21, Lula sugeriu que o ministro da Justiça pedisse afastamento temporário. “Enquanto está sob suspeita, o Moro poderia pedir licença do Ministério da Justiça, e não ficar se escondendo atrás do cargo. Se ele mentiu, precisa ter coragem de assumir o que fez”, disse o ex-presidente.