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Privatização
do setor elétrico subiu as tarifas em mais de 130% em
6 anos |
Acordo
feito entre governo e empresas que compraram o setor de
distribuição de energia garante aumentos anuais nas contas
de luz de 10% acima da inflação.
O modelo de privatização adotado pelo governo Fernando
Henrique para o setor de energia elétrica foi o mais desastroso
de todos os setores entregues à iniciativa privada. O
primeiro problema do setor de energia elétrica no governo
foi a total ausência de investimentos para aumentar a
capacidade de geração de energia.
Em 1987, o governo investiu R$16 bilhões na expansão do
setor. Esta cifra caiu para R$ 3 bilhões para o ano de
2000, uma ninharia comparado com as necessidades. O corte
nos investimentos foi parte do chamado “ajuste fiscal”,
conjunto de medidas que o governo vem adotando no sentido
de aumentar a receita (mais impostos) e cortar despesas
(menos investimentos) para que a “sobra” resultante seja
destinado para o pagamento dos juros da dívida externa,
obedecendo as determinações do Fundo Monetário Internacional
(FMI).
Desesperado, ainda, para gerar mais receita, o governo
privatizou de forma atabalhoada o setor de distribuição
de energia elétrica. Para atrair capitais estrangeiros
para esta privatização, o governo prometeu aumentos reais
da tarifa de 10% ao ano e ainda destinar 60% do arrecadado
para o setor de distribuição, ficando os 40% restantes
para a geração - os especialistas dizem que em qualquer
lugar do mundo, o setor de geração fica com a maior parte,
pois seus investimentos e gastos são maiores.
Resultados: 1º) A tarifa da energia elétrica no Brasil
já está entre as mais caras do mundo, em torno de 95 dólares
o megawatt/hora, enquanto que em Paris, o custo não passa
de 75 dólares e, em algumas regiões dos Estados Unidos,
cerca de 45 dólares. As tarifas altas de energia afetam
o trabalhador duplamente, pois não só ele paga uma conta
de luz mais alta, como também os empresários repassam
para os preços dos produtos este custo. 2º) Ao destinar
a menor parte para o setor de geração, o governo sucateou
este setor que ainda hoje é majoritariamente estatal e
não está investindo para aumentar a sua capacidade e nem
tampouco o capital privado está interessado em adquiri-lo
porque as empresas não têm interesse em absorver um setor
que fica com a menor parte do bolo arrecadado.
Por sua vez, o consumo continuou aumentando a razão de
5% ao ano. O colapso era iminente e o professor da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Luiz Pinguelli Rosa, sugeriu
que o governo, de forma emergencial, financiasse a construção
de pequenos centros de geração por empresas que consumissem
grande quantidade de energia, utilizando óleo ou gás combustível
- desta forma, aliviaria o consumo da energia gerada pelas
hidrelétricas. Porém, as distribuidoras de energia elétrica
privatizadas pressionaram o governo e, até novembro do
ano passado, o Ministério das Minas e Energia não admitia
o risco do colapso no fornecimento. Por sua vez, o governo
apresentou mais uma solução da cartola: incentivar a iniciativa
privada a construir usinas termelétricas que usariam o
gás do gasoduto Brasil/Bolívia. Problema: o capital privado
não queria assumir o risco de ter que arcar com a variação
cambial (o gás é cotado em dólares e as contas são pagas
em reais, se o dólar sobe, não tem como a empresa repassar
este custo para as contas de forma imediata). Mais uma
proposta do governo: ele, o governo, compraria o gás em
dólar, por meio da Petrobrás e repassaria a um custo fixo
em reais às usinas privadas - as eventuais desvalorizações
do real seriam assumidas pelo governo (isto é, pelos cidadãos
que pagam impostos!)
As empresas privadas distribuidoras de energia não estão
preocupadas com o risco do racionamento. Pela lógica da
oferta e procura, para elas quanto menos energia e maior
o consumo, maior o seu lucro, pois a mercadoria que vende
(a energia elétrica) fica mais valorizada. Investir em
geração é um custo alto que somente após muitos anos é
possível recuperar o capital investido. Isto não é do
interesse do capital privado. O governo FHC não pensou
nisto antes de privatizar o setor de energia elétrica.
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