Levantamento do Ipea detalha gastos e ações em áreas como saúde, meio ambiente, ciência, tecnologia e inovação, além de contribuições regulares a organismos internacionais

Os gastos do governo federal na cooperação brasileira para o desenvolvimento internacional totalizaram R$ 4 bilhões entre 2014 e 2016. Foi o que revelou um estudo lançado nesta quarta-feira, dia 19, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília. A quarta edição do Relatório Cobradi – Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional (2014/2016) traz detalhes de gastos, por exemplo, com diárias e passagens, horas técnicas, dispêndios administrativos, bolsas de estudos e de pesquisa, financiamento a projetos, doações e contribuições financeiras a organismos internacionais.

O relatório faz um mapeamento da atuação da administração pública federal no exterior, ou com estrangeiros no território nacional, no âmbito da gestão da cooperação técnica nas áreas da saúde, meio ambiente, ciência, tecnologia e inovação, agricultura, formação de pessoal estrangeiro, direitos humanos, saneamento e gestão pública.

João Brigido Lima, coordenador do Projeto Cobradi no Ipea, destacou que o maior gasto observado foi com contribuições regulares a organismos internacionais, no valor de R$ 1,6 bilhão. O relatório também aponta as contribuições regulares destinadas à Organização das Nações Unidas (ONU) e valores endereçados a outros organismos internacionais, como a Corporação Andina de Fomento (CAF), o Fundo de Convergência Estrutural (Focem) do Mercado Comum do Sul (Mercosul), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), entre outros.

Diárias e passagens
O governo brasileiro gastou, entre 2014 e 2016, cerca de R$ 87 milhões com bolsas de estudo e pesquisa para estrangeiros. Já o gasto com diárias e passagens totalizou R$ 189 milhões no período analisado, sendo que as despesas com diárias e passagens para a Ásia superaram aquelas para a América do Sul. Ao todo, R$ 13,8 milhões cobriram os gastos nos países asiáticos, sendo R$ 9,9 milhões no Japão, enquanto na América do Sul o total foi de R$ 9,4 milhões.

Na relação direta do Brasil com um outro país, os cinco maiores gastos foram registrados nas atividades de cooperação com Moçambique, Estados Unidos, Haiti, Cuba e Guatemala, representando 52% do total no período de 2014 a 2016.

Na apresentação do livro, o presidente do Ipea, Ernesto Lozardo, afirma que o estudo visa assegurar maior transparência às ações e estratégias governamentais de inserção internacional do país perante a sociedade brasileira e a comunidade internacional. Para Ivan Oliveira, diretor de Estudos e Relações Econômicas de Políticas Internacionais do Ipea, o relatório, que contou com a participação de quase cem órgãos públicos federais, é fundamental para pensar as relações internacionais do Brasil.

Participaram do evento de lançamento do estudo representantes da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).