O governo começa a semana correndo para que medidas importantes para o ajuste fiscal sejam aprovadas antes de 22 de dezembro, data de início do recesso parlamentar.

Para governistas e aliados, a operação é essencial para que o discurso do impeachment da petista não migre da via política para a econômica.

Segundo a Folha apurou, a avaliação do núcleo mais próximo a Dilma e também de integrantes do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, é de que o governo precisa mostrar sinais de reação na economia para garantir o apoio do mercado.

Sem ajuda de grandes empresários e com risco de novos rebaixamentos da nota de crédito do Brasil, admitem, a situação do Planalto pode se agravar, inviabilizando a governabilidade de Dilma.

Desde a semana passada, com a prisão na Operação Lava Jato do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), o Planalto tenta reorganizar sua base aliada para a votação, nesta terça-feira (1º), da nova meta fiscal, que deixa de prever superavit de R$ 55,3 bilhões e admite deficit de R$ 119,9 bilhões.

A aprovação da meta poderia reverter bloqueio de R$ 10 bilhões em gastos da União, assinado por Dilma na sexta (27).

Nesta terça, a presidente vai comandar a reunião de líderes do Congresso, de onde deve sair o nome do novo líder do governo no Senado. Até agora, o favorito é o senador Wellington Fagundes (PR-MT).

Na reunião, a presidente vai fazer um apelo para que ministros e parlamentares ajudem na aprovação da nova meta e de outras duas medidas: a DRU (Desvinculação de Receitas da União) e o projeto de repatriação de recursos de brasileiros no exterior.

Reservadamente, porém, auxiliares de Dilma dizem que se darão por satisfeitos caso o governo consiga aprovar a nova meta e a DRU e já admitem que a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e do Orçamento devem ficar para 2016.

CUNHA

Ainda na terça, o Planalto vai acompanhar os movimentos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que pode deflagrar o impeachment contra Dilma caso o Conselho de Ética da Casa abra o processo para sua cassação com ajuda dos votos de deputados do PT.

Acusado de corrupção e lavagem de dinheiro e suspeito de esconder contas na Suíça, Cunha fechou acordo de não agressão com o Planalto caso o PT não votasse contra ele no Conselho de Ética da Câmara. Nos últimos dias, porém, os petistas têm dado sinais de votarão contra o presidente da Casa.