A economia solidária contribui significativamente para a atividade econômica brasileira. Segundo dados da Agenda Institucional do Cooperativismo, o setor movimenta anualmente R$ 12 bilhões. Atualmente, o Brasil conta com mais de 6,8 mil cooperativas, responsáveis por 398 mil empregos formais, com base na solidariedade, igualdade e autogestão.

Na economia solidária, trabalhadores e colaboradores em geral dividem suas tarefas em benefício do conjunto, como explica Newton Rodrigues, do Fórum de Economia Solidária da Baixada Santista. “No quadro que o Brasil vive hoje, o principal benefício da economia solidária é a inserção socioeconômica, mas ela não se limita a uma forma de organização econômica. A economia solidária é uma forma de vida e que se opõe ao neoliberalismo”, afirma à repórter Dayane Ponte, da TVT.

A lavanderia comunitária 8 de Março, no centro de Santos, é um exemplo. Em parceria com a prefeitura, a lavanderia recebe mulheres pobres promovendo renda para elas, como explica Marcia Farah Reis, coordenadora do empreendimento. “Aqui todo mundo trabalha de maneira igualitária, todo mundo atende o cliente, lava, passa e faz até a contabilidade da lavanderia. O que importa é que essas pessoas voltaram a estudar, se capacitaram e geraram renda.”

O mercado de trabalho sofreu forte redução nos últimos anos. A criação de empregos, escassa para trabalhadores jovens, é ainda pior para os mais experientes. É o caso Valdelice Rosário de Oliveira, que trabalhou por anos no mesmo local e quando foi demitida teve dificuldade para conseguir outro emprego. “Fiquei desligada do mundo, porque não tinha leitura e por causa da minha idade. Entreguei currículo na cidade inteira, mas ninguém me chamou e vim parar na lavanderia”, conta.

Já Luiza Soerio trabalhou durante anos na área administrativa, mas ficou desempregada, até encontrar um modelo de economia solidária. “Esse projeto é muito bom, deveria ter muito mais, pois tem muita gente precisando. Você trabalha mais feliz e é muito melhor para nossa região”, celebra.

Tramita no Congresso Nacional um projeto para criar o Sistema Nacional da Economia Solidária. Em 2018, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou a criação do sistema, que ainda aguarda votação no plenário. Para Newton, com a aprovação dessa lei, as cooperativas terão menos burocracia e mais acesso a linhas de crédito para desenvolver esses empreendimentos. “A política nacional é uma forma do Estado pegar esses recursos e, com diretrizes definidas com movimentos de economia solidária, direcionar para que trabalhadores se associem, podendo produzir e se organizar para resolver os seus problemas”, acrescenta.