O Dia Mundial de Luta Contra a AIDS é celebrado no dia 1º de dezembro por uma decisão da Assembleia da Organização Mundial de Saúde, realizada em outubro de 1987, com apoio da ONU. No Brasil, a data passou a ser adotada, a partir de 1988. 

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde apontaram que o Brasil obteve avanços no diagnóstico, tratamento e controle do vírus HIV  nos últimos quatro anos. Segundo a pasta, hoje, 84% das pessoas vivendo com HIV em todo o país já têm diagnóstico.

O ministério reconhece que pessoa com carga viral indetectável não transmite o vírus HIV, explica a diretora do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis IST, HIV, Aids e Hepatites Virais do ministério, Adele Benzaken.

O Ministério da Saúde estima que 830 mil brasileiros tenham HIV. Segundo o relatório da pasta, 84% foram diagnosticadas com o vírus – o equivalente a 694 mil pessoas – e 72% delas estão em tratamento, um aumento de 18% e 10%, respectivamente, em relação a 2012, ano do levantamento anterior. No entanto, as taxas de abandono à terapia e diagnóstico tardio ainda são altas.

Destas, 91% já estão com carga viral suprimida, as chamadas “pessoas indetectáveis”, que, segundo a diretora do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis IST, HIV, Aids e Hepatites Virais do ministério, Adele Benzaken, não transmitem o vírus.

“Essas pessoas em tratamento estão no sistema público de saúde, com recurso nacional. Em qualquer outro país do mundo com esse quantitativo de pessoas, há financiamento externo”, destacou Adele Benzaken. “E isso só acontece no Brasil, porque a lei garante que toda pessoa infectada tenha acesso ao tratamento.”

Além da “Meta 90/90/90”, também é intenção do governo federal que o Brasil elimine a Aids até 2030. Para isso acontecer é preciso atingir taxas mínimas de contaminação viral no país, que pode ser alcançada tanto por políticas de prevenção ao vírus, quanto pelo tratamento regular, que reduz a carga viral no sangue.

Jovens são mais afetados

Apesar dos avanços, analisados sob uma perspectiva geral, a faixa etária de jovens com 18 a 24 anos é a que tem os menores índices, tanto de diagnóstico do HIV, quanto de tratamento e de carga viral suprimida. “Se os jovens não têm carga viral suprimida, eles podem estar transmitindo o HIV”, disse Adele Benzaken.

Segundo ela, este quadro está sendo discutido dentro do Ministério da Saúde para o desenvolvimento de serviços acolhedores que alcancem os jovens. “Muitas vezes eles nem estão transitando na atenção básica. E a gente sabe que a maior parte deles são pobres, negros e não têm informação qualificada. Por isso a importância de unir outras áreas do ministério.”

Benzaken também apontou a importância de que a rede pública de saúde tenha grupos de adesão para que os jovens infectados pelo HIV possam trocar experiência e informações de saúde com outras pessoas na mesma circunstância.

“O maior desafio no Brasil é esse, porque desde 2013 a taxa de abandono e regularidade tem-se mantido a mesma (9%), principalmente entre o grupo de 18 a 24 anos.”

Sobre os motivos que colocam a população mais jovem no grupo de maior risco para contaminação e transmissão do HIV, a diretora explicou que o fator psicológico pode ser determinante.

“O HIV se torna um elemento na vida sexual desse jovem com o qual ele precisa conviver diária e constantemente. É como se tivesse uma figura a mais nos seus relacionamentos e que ele sempre tem que se explicar.”

HIV cresce na Europa em ‘ritmo alarmante’, alerta OMS

160 mil pessoas contraíram o vírus que causa Aids nos 53 países europeus em 2016. A maioria dos pacientes já era portadora do vírus muitos anos antes de ser diagnosticada, aumentando o risco epidêmico.

Diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce permite que o tratamento seja iniciado mais cedo, melhorando a qualidade de vida do paciente e aumentando as chances de uma vida longa e saudável. De acordo com Andrea Ammon, diretora da ECDC, o período médio entre o momento de infecção e o diagnóstico da doença é de três anos, o que pode ser tempo demais em termos de eficácia do tratamento e controle de epidemia.

 

(Com G1, Reuters e Estadão Conteúdo)