Estado de São Paulo lidera o número de casos, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Presidenta da ONG Mães da Sé aponta descaso do poder público
 
 

Pelo menos oito pessoas desaparecem por hora no Brasil, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública para uma pesquisa do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. O levantamento mostra que, de 2007 a 2016, 693.076 boletins de ocorrência registraram o sumiço de pessoas, uma média de 190 por dia.

O estado de São Paulo lidera as estatísticas do período, com 242 mil desaparecimentos. Na avaliação da presidenta da ONG Mães da Sé, Ivanize Santos, o quadro, além de preocupante, é resultado direto do descaso com que são tratados os casos pelas esferas governamentais. “Nós vivemos no estado mais rico da federação e que não tem políticas públicas voltadas para o amparo às famílias que perderam um ente querido por desaparecimento”, afirma Ivanize, em entrevista ao Seu Jornal, da TVT (vídeo abaixo).

Há 23 anos na luta pela causa, desde que sua filha, então com 13 anos, desapareceu, Ivanize cobra do poder público o cumprimento da legislação definida, por exemplo, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que, no artigo 87, atribui ao município a responsabilidade de criar mecanismos para a localização de jovens desaparecidos. “Quem é que sai prejudicado com essa ausência, abandono e negligência? Somos nós”, lamenta a presidenta da ONG Mães da Sé.

Em 2017, o ano terminou com 82.684 registros de desaparecimentos, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública – naquele ano a média foi de 226 desaparecimentos por dia no país.